quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ser Flamengo é...

Não quero nesta crônica escrever frases lindas, emocionadas como outros autores já fizeram. Também não quero exaltar amor pelo Flamengo. Mesmo porque não se fala publicamente sobre seu caso extra-conjugal. Vou aqui tentar entender e tentar explicar o que é Flamengo. Pelo os meus olhos.

Sempre fui santista. Minha terra, minha raiz, meu pai. Mas Deus quis que eu morasse no Rio de Janeiro. Calma, não vai pensando que o Flamengo me conquistou assim. Foi aos poucos, bem devagar. A minha primeira vez no Maracanã, foi para ver o Mengão jogar. Reestréia do Sávio, campeonato Brasileiro de 2006 se eu não me engano, contra o Goiás. Vitória suada por 1 a 0, gol do xodó, Obina aos 44min do segundo tempo. Estava na cadeira branca, por isso não pude sentir a vibração das 42 mil pessoas que enchiam o Maraca rubro-negro. Mas uma coisa pude perceber. Flamenguista sofre. Muito.

Essa talvez, seja a primeira arma do Flamengo para prender seus fervorosos torcedores. O sofrimento. Mas não é aquele sofrimento pelo o qual passam os torcedores do Botafogo, que quanto mais supersticiosos, mais azarados são. O Flamengo é como aquele mocinho de filme de luta, sabe? Apanha, apanha, mas no final, chega com uma voadora aterrorizante e sai campeão. E você fica pasmo, pensando: Mas meu Deus, como ele conseguiu levantar depois de tanta porrada?

O segundo jogo importante que me vem à mente, foi a final do carioca, em 2007, Flamengo e Botafogo. Saia gente pelo talo, de tão cheio que o Maracanã estava. A maioria era Flamenguista. Apesar da bela torcida botafoguense (me desculpem mas a torcida deles também é bonita. Aliás, eles são vice, mais uma vez, em torcida bonita). O jogo foi tenso, Flamengo atrás o tempo inteiro no marcador. Quando tudo estava perdido, não é que o mengão arranca um empate, e leva a decisão para os pênaltis? Eu estava com duas amigas muito flamenguistas. Elas me obrigaram a participar de uma corrente de energias positivas. Era algo do tipo “vamos dar a mão para o amiguinho do lado e pensar positivamente”. E foi ai que eu senti a vibração rubro-negra, pela primeira vez. É algo incontrolável. Uma energia tão poderosa que dá vontade de chorar.

Outra diferença gritante entre o Flamengo e os outros clubes é essa. Enquanto os times têm seus alçapões, seus caldeirões, o Flamengo tem o Maracanã. Simplesmente um estádio com capacidade para 90 mil pessoas. E é claro que eu sei que o Maraca não é do Fla, mas será que a torcida apaixonada, sabe? Será que eles ligam? É pior minha gente, eles ignoram de caso pensado. Imaginem 60 mil pessoas, dentro daquele estádio enorme, com um só pensamento, “Bola no gol”? Não há como uma esfera de pouco mais de 60cm de circunferência resistir. E não resistiu. Mais uma vez, vitória na raça, do Flamengo, no Maracanã.

Acho que começou aí. Porque logo depois, eu percebi que sabia a escalação inteira do Flamengo, contando os reservas, mas não sabia a do Santos. Minha desculpa era as poucas notícias que eu recebia por aqui do meu amado clube. Mas não era. Era o Flamengo tecendo sua teia mística sobre mim. Quanto mais eu o via jogar, quanto mais conversava com seus torcedores apaixonados, mais latente ficava a pergunta na minha cabeça: “Por quê?”. Curiosa, mal sabia eu que quanto mais me aprofundasse em busca dessa resposta, mais apaixonada eu ficava.

Eu ainda não consegui responder a pergunta. Mesmo com uma grande maioria de amigos e amigas flamenguistas, mesmo com um namorado flamenguista, a pergunta ainda ronda a minha cabeça. Por enquanto, a minha resposta é: deve ser bom fazer parte de um time que sabe sempre se levantar. Que tem a maior torcida do mundo. Que tem estrela, raça, amor e paixão. E quando eu digo fazer parte de um time, é fazer parte mesmo. Porque flamenguistas de verdade não torcem pelo Flamengo. São Flamengo. Até morrer.



p.s: texto em homenagem à minha amiga linda, Silvinha, que faz aniversário amanhã. Ela é muito Flamenguista.

p.s 2: Apesar de tudo, meu amor pelo Santos continua maior. Eu não sei explicar porque eu gosto tanto desse time! Eu amo o Santos, eu amo a Vila, eu amo o alvinegro. Na saúde ou na doença, na riqueza e na pobreza. Não tem o melhor time, não tem a maior torcida, não´r o mais rico. Mas é o meu Santos! Vai entender...