quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ser Flamengo é...

Não quero nesta crônica escrever frases lindas, emocionadas como outros autores já fizeram. Também não quero exaltar amor pelo Flamengo. Mesmo porque não se fala publicamente sobre seu caso extra-conjugal. Vou aqui tentar entender e tentar explicar o que é Flamengo. Pelo os meus olhos.

Sempre fui santista. Minha terra, minha raiz, meu pai. Mas Deus quis que eu morasse no Rio de Janeiro. Calma, não vai pensando que o Flamengo me conquistou assim. Foi aos poucos, bem devagar. A minha primeira vez no Maracanã, foi para ver o Mengão jogar. Reestréia do Sávio, campeonato Brasileiro de 2006 se eu não me engano, contra o Goiás. Vitória suada por 1 a 0, gol do xodó, Obina aos 44min do segundo tempo. Estava na cadeira branca, por isso não pude sentir a vibração das 42 mil pessoas que enchiam o Maraca rubro-negro. Mas uma coisa pude perceber. Flamenguista sofre. Muito.

Essa talvez, seja a primeira arma do Flamengo para prender seus fervorosos torcedores. O sofrimento. Mas não é aquele sofrimento pelo o qual passam os torcedores do Botafogo, que quanto mais supersticiosos, mais azarados são. O Flamengo é como aquele mocinho de filme de luta, sabe? Apanha, apanha, mas no final, chega com uma voadora aterrorizante e sai campeão. E você fica pasmo, pensando: Mas meu Deus, como ele conseguiu levantar depois de tanta porrada?

O segundo jogo importante que me vem à mente, foi a final do carioca, em 2007, Flamengo e Botafogo. Saia gente pelo talo, de tão cheio que o Maracanã estava. A maioria era Flamenguista. Apesar da bela torcida botafoguense (me desculpem mas a torcida deles também é bonita. Aliás, eles são vice, mais uma vez, em torcida bonita). O jogo foi tenso, Flamengo atrás o tempo inteiro no marcador. Quando tudo estava perdido, não é que o mengão arranca um empate, e leva a decisão para os pênaltis? Eu estava com duas amigas muito flamenguistas. Elas me obrigaram a participar de uma corrente de energias positivas. Era algo do tipo “vamos dar a mão para o amiguinho do lado e pensar positivamente”. E foi ai que eu senti a vibração rubro-negra, pela primeira vez. É algo incontrolável. Uma energia tão poderosa que dá vontade de chorar.

Outra diferença gritante entre o Flamengo e os outros clubes é essa. Enquanto os times têm seus alçapões, seus caldeirões, o Flamengo tem o Maracanã. Simplesmente um estádio com capacidade para 90 mil pessoas. E é claro que eu sei que o Maraca não é do Fla, mas será que a torcida apaixonada, sabe? Será que eles ligam? É pior minha gente, eles ignoram de caso pensado. Imaginem 60 mil pessoas, dentro daquele estádio enorme, com um só pensamento, “Bola no gol”? Não há como uma esfera de pouco mais de 60cm de circunferência resistir. E não resistiu. Mais uma vez, vitória na raça, do Flamengo, no Maracanã.

Acho que começou aí. Porque logo depois, eu percebi que sabia a escalação inteira do Flamengo, contando os reservas, mas não sabia a do Santos. Minha desculpa era as poucas notícias que eu recebia por aqui do meu amado clube. Mas não era. Era o Flamengo tecendo sua teia mística sobre mim. Quanto mais eu o via jogar, quanto mais conversava com seus torcedores apaixonados, mais latente ficava a pergunta na minha cabeça: “Por quê?”. Curiosa, mal sabia eu que quanto mais me aprofundasse em busca dessa resposta, mais apaixonada eu ficava.

Eu ainda não consegui responder a pergunta. Mesmo com uma grande maioria de amigos e amigas flamenguistas, mesmo com um namorado flamenguista, a pergunta ainda ronda a minha cabeça. Por enquanto, a minha resposta é: deve ser bom fazer parte de um time que sabe sempre se levantar. Que tem a maior torcida do mundo. Que tem estrela, raça, amor e paixão. E quando eu digo fazer parte de um time, é fazer parte mesmo. Porque flamenguistas de verdade não torcem pelo Flamengo. São Flamengo. Até morrer.



p.s: texto em homenagem à minha amiga linda, Silvinha, que faz aniversário amanhã. Ela é muito Flamenguista.

p.s 2: Apesar de tudo, meu amor pelo Santos continua maior. Eu não sei explicar porque eu gosto tanto desse time! Eu amo o Santos, eu amo a Vila, eu amo o alvinegro. Na saúde ou na doença, na riqueza e na pobreza. Não tem o melhor time, não tem a maior torcida, não´r o mais rico. Mas é o meu Santos! Vai entender...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ciúmes de você...

Eu me mordo de ciúmes. Confesso, arranco pedaços de mim mesma por causa dessa porcaria. Mas como sou a princesa do reino dos "passivo-agressivos" *, sou orgulhosa o bastante para não demonstrar, e às vezes até rir e debochar, enquanto me mastigo por dentro. Mas sabe o que acontece? Por quê as pessoas têm passado? Não seria muito mais fácil se o mundo começasse no momento em que elas se conhecessem?

Lidar com ex-caso, ex-mulher, ex-namorada, ex-amiga safada é muito chato! Saber que a pessoa que você ama já amou outra é dose! Pior, saber que essa pessoa foi feliz antes de te conhecer é insuportável!

Não, ele não sabia o que era um sentimento verdadeiro antes de você. Ele não tinha idéia do quanto é bom dormir abraçado com alguém à noite toda, antes de você aparecer na cama dele. Ele simplesmente não tinha vida pré-namoro! Ele estava preso em uma cápsula do tempo, alimentado por tubos e aquecido por raios infravermelhos não nocivos à saúde. Ele ficava em casa, lendo livros e mais livros sábado à noite. Ele visitava asilos na sexta. Ele ia ao bar com o pai e o irmãozinho mais novo ver o clássico carioca no domingo. Ele não existia. E ponto final.

Querida, ele existia. E devia aprontar muito por aí. E não faz essa cara não. Porque a senhorita também aprontou muito das suas. Lembra aquela vez que você resolveu subir no palco da boate de saia e rebolar até o chão, só porque tinha bebido um pouco além da conta? E aquela vez que você transou de primeira com um cara que tinha acabado de conhecer, só porque precisava de um pau amigo?

Você também não é santa. Ele menos ainda. Dois seres que se forem analisados, não merecem a menor confiança. Mas vocês se amam, e é isso que importa. Agora, se aquela amiga/ex caso sem vergonha e oferecida dele aparecer, toda insinuante, me chama que eu te ajudo a acabar com a vida dela.



*passivo-agressivos – As pessoas passivo-agressivas são daquele tipo que interiorizam todo o sentimento de raiva, ciúme e afins dentro de si. Você sabe que elas estão chateadas, elas até afirmam que estão chateadas se você perguntar, mas elas nunca vão dizer qual é o motivo. Você deve descobrir. Afinal, foi você quem fez a besteira, então tem que por a mão na consciência e repensar suas atitudes. E se pedir desculpas pelo motivo errado, vai piorar a sua situação. Então pensa bem, pensa direitinho... (sim, para lidar com pessoas passivo-agressivas você deve ter um pouco de mediunidade)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Surtos de Uma jovem Senhora II - O aniversário

Chega um certo ponto da sua vida em que comemorar aniversários não é mais tão legal. Por vários motivos. Primeiro, nenhum aniversário é tão esperado quanto os sonhados 18 anos. Afinal, com 18 anos tudo é muito melhor. Começa a dirigir, está na faculdade e mais, as chances de passar vergonha na porta da boate por causa da carteira falsa desaparecem! O segundo motivo é porque depois de uma certa idade, você não espera mais por aquele presente bacana que você só ganharia no completar das primaveras. Agora você trabalha, e tem dinheiro para comprar qualquer coisa que você queira. Então, a menos que você queira uma Mercedez, com um esforcinho você consegue.

Mas quando você faz 24 anos, o que você tem para comemorar? Bom, eu descobri no sábado passado que você celebra o início da sua decadência. Vou contar para vocês. Marquei com alguns amigos uma noitada, que começaria em um barzinho, e estenderia até uma boate. O plano era dançar até o amanhecer, e ver o sol nascendo. Bom, esse ERA o plano. Cheguei, com uma hora de atraso no bar. Bebi três chopps. Até então, tudo corria bem. Estava com um pouco de sono, afinal, já eram 22:40. Opa, primeiro erro de uma sucessão. Não eram nem 11h da noite de sábado e eu já estava com sono? É isso mesmo.

Continuando. Fui para a fila da boate. Uma fila enorme, na chuva. Ai eu percebi que agora, o meu problema com as filas da night não é mais esperar para entrar. Porque às vezes eu até me divertia, conversava com alguém interessante, essas coisas. Mas agora eu penso: "Se eu ficar em pé por mais de meia hora, eu não vou aguentar dançar lá dentro por muito tempo. Fato." Só que Deus foi muito legal comigo, e como eu era aniversariante, não peguei a fila.

Enquanto meus amigos não entravam, me direcionei ao bar. Pedi uma Cuba Libre, que por si só, já é bebida de velho. Mas dá onda, e é isso que importa. Bom, a pista só abria meia-noite. Logo, uma hora esperando em pé, para dançar. É obvio que quando a pista abriu, eu já estava cansada. Porque 24 anos cansa. A pista abriu, e a boate superlotou. Você começa a perceber que o esbarra-esbarra não é legal, dá calor e você ainda corre o risco sério de levar uma pisada de pé.
Enfim, como diz David Bowie,"let´s dance!" Nossa, como dancei, como suei. Mas alguma coisa aconteceu. Essa coisa se chama joelho. E eu percebi que a idade realmente estava batendo à minha porta. Alguém consegue descrever qual é a sensação de rebolar até o chão e travar na hora de subir? Humilhante. Principalmente quando sua amiga de 20, já subiu e desceu duas vezes!!!

E então, o que eu fiz? Tirei o sapato! Deveria ser o micro salto que eu estava usando. Nessa altura eu já estava completamente bêbada. Tinha tomado três chopps e duas cubas. Nunca pensei que fosse tão fraca. Mesmo assim, continuei na luta. Bebendo água atrás de água para hidratar, evitando passinhos que exijiam muitos movimentos. Quase o Will Smith em "Hitch, o conselheiro amoroso". Bracinhos no ângulo de 90º, de um lado, para o outro, delicadamente. Mesmo porque, quando começou a tocar "funk velho", eu percebi que eu dancei muito esses funks na adolescência. E pior, ainda lembro das coreografias.

Foi aí que os meus amigos, da mesma idade que eu, começaram a ir embora. Não, não foi por vergonha de mim, não. Foi simplesmente porque eles resolveram jogar a toalha. Mas eu não iria! eu ficaria até o fim. Mas estava tãããooo cansada. Aguentei o máximo que eu pude. Quando cheguei no ápice do meu cansaço, pensei: "Nossa, estou tão cansada, deve ser mega tarde!" ERAM DUAS HORAS DA MANHÃ!

Me obriguei a ficar por pelo menos mais uma hora. Fui pagar a conta, fui no banheiro, dancei mais um pouco e quando percebi, eram 3:30. Cheguei no meu limite. Monobloco era a deixa. Fui para a minha casinha. Tomei meu banho e fui dormir. Queria acordar cedo, para aproveitar o dia. Pois é, acordei duas horas da tarde, sorumbática, arrastada, pesada e manca. Sim, eu estava mancando! Com dores no pé, no quadril, no joelho, nos braços, bom, piscar doía. Eu tremia!
Aprendizado, apogeu e decadência. Mas apesar de tudo, adorei meu anivesário. Foi muito divertido. Mas acho que ano que vem, vou comemorar em um barzinho.

p.s: Depois de tudo, resolvi entrar na academia. Sem rebolar até o chão, não sou ninguém.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Dedo Podre Futebol Clube

Ahhh o dedo podre… nove entre 10 amigas minhas tem o famoso dedo podre. Aquele maldito dedo indicador, que é capaz de te colocar na frente de cem homens, e você escolher o único que não presta! Nunca duvide do poder do dedo podre. Ele é além da compreensão humana.
Dedo podre não é azar. Dedo podre não é coincidência. Dedo podre é um estilo de vida. E não adianta tentar arrancar, você mulher desesperada que tem um dedinho desses. Ele cresce de novo. Como rabo de lagartixa.

Já tentei varias táticas para me livrar do dedo podre. No começo, tentava descobrir se eu tinha algum padrão pré estabelecido, para tentar fugir. Fui pelo mais fácil. Aparência. Descobri que escolhia sempre o mesmo tipo físico. O que eu fiz? De tatuados rebeldes, passei para os meninos hippies. Deu errado. Ai passei para os certinhos. Mais uma vez bola fora. Eureca! Estou escolhendo estilos diferentes, mas sempre bonitos. Agora eu quero os feios. Esse era o meu nível de desespero. Sabem o que aconteceu? Não deu certo! Lógico que não. Porque não era uma questão de aparência, e sim de atitude. Eu só gostava daqueles caras misteriosos, que carregavam um ponto de interrogação no olhar. Só que a lerda aqui não percebeu que, se tem um mistério escondido, é porque boa coisa não é. E nunca era.

Ai passei para os homens mais velhos. Eu era muito criança para eles. Tentei os mais novos. Eu era muito adulta. Tentei os pobres. Eu era muito rica. Tentei os ricos. Eles eram muito esnobes. Tentei não tentar mais.

Foi difícil, afinal mulher com dedo podre pode ser gorda, magra, feia, bonita, qualquer coisa. Mas essa característica todas têm em comum. Não sabemos ser escolhidas. Sempre queremos escolher.

Só que você, mulher com dedo podre, vai me entender agora. Mesmo quando a gente não quer ninguém, o dedo podre age como um imã, atraindo o produto reprovado pelo Inmetro. E ele chega. Você se surpreende e pensa: Bom, esse eu não escolhi, ele veio atrás de mim, então a probabilidade de dar certo é muito maior.

Jamais pense assim companheira. Porque como já disse, o dedo podre é muito poderoso. Você dá a chance, e acaba mal. Você fica dias achando que a culpa é sua, que a culpa é dele, mas acredite, a culpa não é de ninguém. A culpa é da maldição do dedo podre!

Surtos de uma Jovem Senhora

Prestes a fazer 24 anos.Meu Deus, como passou rápido! Eu me lembro dos meus 18 anos como se fosse ontem. Não me lembro muito bem como eu comemorei, mas enfim, isso não importa. O que importa é que eu estou com a sensação de que eu fui roubada. Descaradamente roubada pelo tempo. Como seis anos passam assim, sem eu nem notar?

Alguém tem idéia de que daqui a um ano eu vou ser liberada para usar creme anti-rugas? Sabe quando eu me preocupei de verdade com as rugas? Nunca! Sabia que elas poderiam eventualmente aparecer, mas em um tempo muito, muito distante. Daqui há humm, SEIS ANOS! Como seis anos vão embora tão rápido?

Bom, em seis anos contabilizei quatro namoros. Oito empregos. Zilhões de maços de cigarro. Urlhiões de noites mal dormidas. E só R$50 em produtos para a pele. E como Carlos Drummond, eu pergunto: "E agora, José?". José me responde como parar o tempo! Para alguma coisa você deve servir, afinal, a festa já acabou há muito tempo!

Em seis anos eu entrei e terminei a faculdade. Realizei meu primeiro sonho/meta. Ser Jornalista. E só de pensar que eu vou fazer 24 anos, e ainda não cheguei nem na base da montanha que pretendo escalar, me dá desespero.

Eu vou fazer 24 anos. Isso significa que eu tenho apenas mais seis anos para ser bem sucedida na carreira e arranjar um marido. Eu preciso estar casada e rica aos 30 anos. Porque essa era a minha meta, quando eu fiz 18 anos. Eu estou na metade do prazo, e só no começo do caminho. Paranóias, paranóias, paranóias!

Seis anos. Eu só tenho mais seis anos. Isso se as calotas polares não derreterem antes disso. O que não seria má idéia, caso eu faca 30 anos e não veja meu nome em algum lugar que não seja a lista de alguma boate.

Mas como burlar o tempo? Eu desperdicei seis anos assim, piscando o olho! E foi piscando o maldito olho que eu ganhei rugas! Amaldiçoados sejam os pés de galinha! Eu não quero envelhecer! Simplesmente não quero! Cadê o Peter Pan? Peter, gatinho, tô aí, cara! Me leva para a Terra do Nunca, por favor! E que não seja a do Michael Jackson. Porque eu tenho um pouco de medo dele.

Enfim, brincadeiras a parte. É chato envelhecer. Dá medo, muito medo. Principalmente quando você tem metas, como eu tenho. Eu queria fazer tantas coisas, e parece que cada ano que passa, as oportunidades de realizá-las diminuem.

Eu sei exagerada, catastrófica, apocalíptica. Mas também assustada, receosa e sob pressão. Imposta por mim. Ai, chega! 24 anos, vem logo, para eu saber como lidar com você!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Curriculum

Hoje em dia tudo é questão de referências. Você está procurando um novo emprego. Pede referência ao seu ex-chefe. Você precisa de uma empregada doméstica. Vai ligar para a última patroa para saber quais são suas referências. Ninguém mais firma um compromisso sem saber dos antecedentes da pessoa. Certo? Redondamente errado. Fazemos isso o tempo todo quando começamos a namorar.

Como assim? Bom, aposto que você não ligou para a ex namorada do cara perguntando “Por que terminou? Ele tem algum hábito estranho? Como ele te tratava quando estava entre os amigos? Ele te comparava com a mãe dele?”. Todas as perguntas pertinentes, mas que ninguém investiga antes de aceitar a pessoa.

Vocês começaram a namorar. Era tudo lindo. Ele te deu um presente de um mês de namoro. Te mandava mensagens pelo celular dizendo que a saudade era insuportável. Um ano depois, tudo mudou. Você começa a ver que ele tem a mania de discutir com o garçom por causa dos 10%. Chega em casa e espalha o sapato na sala, a blusa no corredor e a calça no chão do banheiro. Fora as piadinhas sobre seus amigos. Afinal, os amigos dele são muito mais legais. Você se sente enganada. Cadê o homem sincero, correto e romântico que conheceu?

Ela jurava que adorava ver jogo de futebol. Ia com você todo o domingo no maracanã. Chegou até a vestir a blusa do seu time algumas vezes. Agora, é uma discussão séria toda vez que você decide jogar uma pelada com o pessoal do trabalho. Antes ela aceitava na boa o fato de você querer encher a cara no bar sozinho com os amigos e falar de mulher, esporte e mulher. Agora, “Lá vai você se encontrar com esses garotos. Todos um bando de solteirões, desocupados e crianções”. Cadê aquela princesa doce e delicada?

Pois é. Quem mandou acreditar em tudo que o outro dizia sem investigar antes a história? Talvez, se tivesse entrevistado a ex namorada dele, você estaria mais preparada. E se você tivesse procurado o ex dela, pensaria duas vezes.

Opa, um segundo. O que garante que o ex vai ser sincero? E se ela ainda quiser ficar com ele? E mesmo que não quisesse, mesmo que seja sincero, a opinião não vai ser boa. Se fosse boa, não teria acabado. E agora, o que eu faço?
Acredite! Acredite que apesar de todas as diferenças, ele pode te fazer feliz. E apesar de não gostar de futebol, ela pode ser uma pessoa melhor ao seu lado. Porque apenas nesse caso especificamente, a falta de referências anteriores é o que proporciona a confiança e a construção de um relacionamento saudável, mesmo que cheio de surpresas.

"Eu perdoaria seu orgulho, se ele não ferisse o meu”

Essa frase faz parte de um dos romances que eu mais gosto. “Orgulho e Preconceito”. Quem me conhece sabe que eu não assisto muito a romances. Não que eu não seja uma pessoa romântica, longe disso. Acho que às vezes sou ate demais. Simplesmente porque o fato da mocinha sempre ser vitimizada, me irrita muito. Mas isso é assunto para um próximo texto.

Enfim, essa frase me chamou atenção, pois passei por isso há poucos dias. Para situar melhor as pessoas, o filme se passa em 1897, e conta a historia de Lizzie e suas quatro irmãs. Todas a procura de um marido. Menos, é claro, a mocinha Lizzie. Em uma festa, ela conhece o rico e fechado Mr. Darcy. O gentil cavalheiro não é tão gentil assim no primeiro contato. Mas ela, nem de perto é a mocinha que precisa ser salva.

A historia segue, e você fica angustiado com os diálogos pela metade travados pelos dois, as frases não ditas, as palavras que escondem a verdadeira intenção, os eufemismos, os desencontros. E eu comecei a perceber como isso é comum, ainda hoje. Como ainda seguramos os sentimentos, nos esquivamos da verdade, julgamos pela opinião alheia, como não escutamos uns aos outros. Não falamos mais, não ouvimos mais.

Sempre na defensiva, para não se machucar. Trava-se uma batalha contra o outro e contra si mesmo. Deixamos que o nosso orgulho tome conta, pois não queremos perder mais uma vez. Não percebemos que podemos ferir o outro, se não somos humildes o suficiente para apenas escutar. Queremos conquistar por ego, “Eu consigo”. Mas não queremos ser conquistados. Orgulho.

Porque para ser conquistado, seria preciso escutar o que o outro tem a dizer. E ai, a brincadeira começa a ficar perigosa. É mais fácil imaginar as características da pessoa do que escutá-la. Julgar pelo passado, por opiniões de outros, por falsas impressões. Preconceito.

“Eu perdoaria seu orgulho, se ele não ferisse o meu”. “Eu perdoaria a sua vaidade, se ele não ferisse a minha”. Frases ditas pelos protagonistas. Orgulho, preconceito, vaidade.

O pior é que muita gente vai ler e achar que é um recado direto. Talvez seja. Mas provavelmente, se a carapuça serviu você não tem nada do que se orgulhar.

Amor é prosa, sexo é poesia

Faz tempo que eu não falo sobre relacionamentos por aqui. O que é um erro, já que sou conhecida por minhas teorias milaborantes. Bom, acontece que fazia tempo que eu não prestava atenção nisso. Sabe fechada para balanço? Então... Mas enfim, chega de enrolação e vamos lá.

Esses dias, eu estava conversando com uma grande amiga minha, que esta passando por alguns problemas que a fizeram mudar de atitude, gostos, sorriso. Ela, que sempre preferiu um homem bonito, protótipo do solteiro no Rio de Janeiro, me surpreendeu quando disse que agora, por causa dessa fase, gostaria de um homem com mais conteúdo. Isso me lembrou outra amiga minha, que sempre quis um príncipe encantado lindo, o homem mais bonito da cidade para desfilar por aí. Porém cansou dos “bonitinhos, mas ordinários”, e se ajeitou com um cara completamente normal, e muito, muito apaixonado. Ele não era sua primeira opção, mas por que não tentar?

Voltando a minha amiga surpreendente, ela também afirmou estar assustada. Foi a um bar certo dia, e só viu mulheres solteiras à procura de... Bem, eu não sei. Ela me perguntou por que existem tantas pessoas sozinhas no mundo, reclamando da solidão, com uma dificuldade absurda de encontrar alguém decente?

Respondi que são vários fatores. Primeiro, as escolhas imutáveis das pessoas. Elas acabam sempre apontando o dedinho para os mesmos tipos, que não necessariamente são físicos, pode ser algo mais comportamental mesmo. O feio e o bonito são iguais, desde que ajam da mesma maneira.

Às vezes, é azar mesmo. Azar de não estar no mesmo timing que a outra pessoa, azar de não ter tempo, azar de ter o dedo podre (outra teoria que um dia eu escrevo aqui). Lady Murphy esta aí para angariar desgraçados em prol de sua causa. Todas se tornarem tias velhas e solteironas como ela.

Pode ser trauma também. Tantas vezes abrimos nosso coração e baixamos a guarda, para chegar algum cretino e acabar com a nossa sanidade mental, que uma hora você grita para si mesmo: “Chega, não quero mais brincar disso!”. E ai, construímos um muro de gelo intransponível. Esperando por um homem com atitude o suficiente para quebrá-lo. Só que o muro assusta demais, e os homens não são mais tão corajosos como antigamente. Agora, eles também sofrem, muito mais que antes.

Mas para mim, o ponto x da questão, tem a ver com a sociedade mesmo. Não sei ao certo o que aconteceu, mas algum banana resolveu vender a idéia de que o amor é identificado no primeiro olhar. E o mundo todo comprou essa maldita idéia. Por que sua mãe casou aos 20 anos e você, com 27 não esta nem perto disso? Porque antigamente, ninguém queria achar o amor pra vida toda. As pessoas queriam mesmo era achar um casamento. Essa era a cultura da época.
O advento do divórcio, só veio para reforçar essa idéia. Nossa geração é filha do divórcio. Da separação traumática. Por sermos testemunhas do boom do divorcio, nós agora não queremos mais um casamento apenas. Porque a gente sabe que uma hora tudo pode acabar. E se for para casar, tem que ser com a pessoa que assim que você viu, sua perna tremeu, você perdeu o chão e ouviu sininhos.

Queridos, aceitem. Se você casar com essa pessoa apenas por cega paixão, seu casamento vai durar um ano. Dois no máximo. Sabe por quê? Por que você não procurou um casamento, você procurou um amor louco. E casamento é feito de muito mais que isso. Relacionamentos estáveis são feitos de confiança, cumplicidade e muita paciência para agüentar a rotina. Você só tem a certeza de ama alguém quando suas pernas param de tremer, você acha o chão, e a pessoa continua indispensável.

Às vezes eu penso que falta às pessoas darem um voto de confiança umas nas outras. Dispensa sem dó ou piedade simplesmente porque ela não te balançou de primeira. E daí se você não sentiu nada na primeira vez que vocês ficaram? E daí se o beijo não foi sufocante? Por que não ter um pouco mais de paciência e pagar para ver onde vai dar? Como eu já disse, sentimentos verdadeiros acontecem durante o dia a dia, levam tempo. Sabe Arnaldo Jabour, ”Sexo vem dos outros e vai embora, amor vem de nós, e demora”? É isso. Demora... Nada que é instantâneo pode durar muito tempo. E olha que nisso eu tenho experiência.

Então crianças, esse é o conselho do dia. Dêem uma chance para o amor acontecer. Não esperem o chão tremer, porque às vezes, não é assim que a historia acontece. E mesmo não tremendo de imediato, não quer dizer que não vai tremer daqui a três meses. E que você não vai viver uma linda historia de amor.



P.s: Sabe a minha amiga, que deu uma chance para o cara normal, mas muito apaixonado? Pois é, hoje ela diz que não quer viver sem ele, e que agora sabe o que é amor de verdade. Imagina se ela não tivesse paciência para esperar o amor chegar?