segunda-feira, 24 de março de 2008

"Eu perdoaria seu orgulho, se ele não ferisse o meu”

Essa frase faz parte de um dos romances que eu mais gosto. “Orgulho e Preconceito”. Quem me conhece sabe que eu não assisto muito a romances. Não que eu não seja uma pessoa romântica, longe disso. Acho que às vezes sou ate demais. Simplesmente porque o fato da mocinha sempre ser vitimizada, me irrita muito. Mas isso é assunto para um próximo texto.

Enfim, essa frase me chamou atenção, pois passei por isso há poucos dias. Para situar melhor as pessoas, o filme se passa em 1897, e conta a historia de Lizzie e suas quatro irmãs. Todas a procura de um marido. Menos, é claro, a mocinha Lizzie. Em uma festa, ela conhece o rico e fechado Mr. Darcy. O gentil cavalheiro não é tão gentil assim no primeiro contato. Mas ela, nem de perto é a mocinha que precisa ser salva.

A historia segue, e você fica angustiado com os diálogos pela metade travados pelos dois, as frases não ditas, as palavras que escondem a verdadeira intenção, os eufemismos, os desencontros. E eu comecei a perceber como isso é comum, ainda hoje. Como ainda seguramos os sentimentos, nos esquivamos da verdade, julgamos pela opinião alheia, como não escutamos uns aos outros. Não falamos mais, não ouvimos mais.

Sempre na defensiva, para não se machucar. Trava-se uma batalha contra o outro e contra si mesmo. Deixamos que o nosso orgulho tome conta, pois não queremos perder mais uma vez. Não percebemos que podemos ferir o outro, se não somos humildes o suficiente para apenas escutar. Queremos conquistar por ego, “Eu consigo”. Mas não queremos ser conquistados. Orgulho.

Porque para ser conquistado, seria preciso escutar o que o outro tem a dizer. E ai, a brincadeira começa a ficar perigosa. É mais fácil imaginar as características da pessoa do que escutá-la. Julgar pelo passado, por opiniões de outros, por falsas impressões. Preconceito.

“Eu perdoaria seu orgulho, se ele não ferisse o meu”. “Eu perdoaria a sua vaidade, se ele não ferisse a minha”. Frases ditas pelos protagonistas. Orgulho, preconceito, vaidade.

O pior é que muita gente vai ler e achar que é um recado direto. Talvez seja. Mas provavelmente, se a carapuça serviu você não tem nada do que se orgulhar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa! Amo o filme tanto quando esse texto que escrevestes!
Parabéns!
É tudo verdade... O orgulho em excesso é triste.
;*